FUTEBOL AMIGÁVEL
Relato os pontapés e os furos Que se deram e fizeram entre si Os vinte e tal “soltos” e “atados” duros No campo oficial do Victória Daqui. Foi no histórico – a partir d’agora Pretérito desde ontem de Dezembro Falecido Domingo que já hoje se chora Pelas quinze e vinte horas, como lembro. O feito assinala-se: Ausência de chuva Algumas nuvens no firmamento Porém a expectativa não se turva E em campo se vê um ou outro elemento De repente soa um silvo cristalino Vinte e cinco rostos pensativos Se postam em sentido repentino Outro silvo e eis todos activos Há fotos e troca de impressões Bem como incertos arremessos Não há vaticínios, não tiram conclusões. Correndo o esférico pelos toques impressos. O capitão do team dos casados Recebe de gentil senhorinha Um ramo envolto nos frizados De suculenta folha de couve “tronchinha” Audazes e valentes os adversários Postos em movimento, logo se aferram. Ao jogo quais antigos corsários Em assalto destemido, a bola enterram No campo alheio em duro castigo Procurando atravessar os fundos do inimigo. VII Pois quarto tento de Bentubo Lima Faz que na primeira parte ganhe A equipa dos casados – por cima E uma salva de palmas ainda apanhe Como corôa de merecidos feitos Fazendo “alevantar” os magros peitos. VIII Mereceram honras de comportamento Pela actividade desenvolvida Doutor Ferreira, Capitão Ribeiro, Sargento, Cujo nome de Matos lhe dá vida E outros heróis mal conhecidos Dos assistentes pouco sabidos. IX Outros portentos foram e actuaram Com brilho, denodo e bravura Almeida e Brandão como notaram E também Arruda, estiveram à altura Do rijo combate disputado Naquele campo semi-relvado. X Os últimos quarenta e cinco minutos Foram de mais brilho para a solteirada Que não tendo visto da luta os frutos Voltavam à lide bastante desanimada. Os êxitos dão aquela doce leveza Que fez os casados deixar a defesa. | I Assim avultam em fervor combativo Alexandrino, Domingues e Sargento, Dianteiros casados de antigo cultivo Que ao redondo deram bom andamento Coadjuvados pelos médios Ferreiras, Ribeiro, Pedro Gomes, outras barreiras. II Corte Real em veloz retardador intercepta Ataques não menos velozes de Ceguinho, Portocarrero e José Luiz, qual asceta Conjurando males do Zé-Povinho Garantindo assim a integridade Do reduto à sua responsabilidade. III Numa arrancada de peso bem medido Tenente Correia mete o primeiro tento Cunha defesa dos Solteiros batido - mas não convencido, fica bem atento. Porém contra ingentes investidas sofridas Não há fraquezas que não sejam consentidas. IV Dos Casados o guardião rejubila Por seguro se sentir no posto seu E não pensa que a Bola – qual Sibila Tentadora – a todo o Poder cedeu E mais confiante se mostra o “Fino” Quando outro golo marcou Alexandrino. V Amarelos sorrisos desfecham os solteiros Quando Alferes Ferreira outra bola metera Pedro Gomes cede a vez que tivera A alguém cujo nome não nos ocorre E redobra de alma a peleja que decorre. VI E então entram novos valores Que mantém dos casados o prestígio Bem como dos solteiros os rubores Pelo desaire que lhes dá o litígio Se bem que não é caso de foguetear Os casados começam a alardear. XI Por quatro golos já ganhavam Os casados de justiça havida Contra zero que ainda marcavam Os solteiros – Ah! Pai da vida! Quando se deu violenta reação Por discutido “córner” em marcação. XII Foi tal o abuso de confiança Que segundo tento foi nascido Dum penalty, sem esperança Duma mão-madrasta parido E apesar do quinto furo marcado O team solteiro empatou com o casado. XIII Aos não cantados directamente Como bom amigo aconselho bem Que nunca se entristeça a gente Com as alegrias dos Ninguém Basta para não ficar entristecido Lembrar-se do Soldado Desconhecido. Silva Porto, 15/12/1958. H. de Freitas (Relator contratado verbalmente) |
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