quinta-feira, 10 de maio de 2007

O MEU FADO

para Coimbra.

Coimbra cantou e com virilidade

A sua castiça canção – o fado.

Fê-lo com toda a verticalidade

E com o melhor que se tem marcado.

Coimbra não vai, ao sabor da voga.

Coimbra não quer parecer, quer sê-lo

Consciente quando quer e se arroga –

Canto sério, viril, sabe fazê-lo!

As assobiadelas e as vaiadas

Nada puderam contra a seriedade

Firmeza e beleza das ‘baladas’

Entoadas com brilho e à-vontade!

E as guitarradas, senhores, que timbres!

Que divinais acordes nos beijaram

Aquelas notas que soaram tão firmes,

Com que empolgamento as dedilharam!

Não fiquem por aí – sois a Nação

Equilíbrio num porvir tenebroso

Cintilar do farol ao Guia ansioso!

Continuai a ser uma lição!

(Calmatites)

Lisboa, Junho de 1978.

O DILÚVIO

Reza a Bíblia que Deus inspirou o Patriarca Noé para construir a Arca que salvaria e mesmo salvou os casais de animais que iam constituir a sobrevivência das espécies diversas quando acontecesse o Grande Dilúvio! E assim fez e procurou as dispersas alimárias e calafetou o “tugúrio” que durante noites e dias intermináveis foi morada ultra-social neste planeta. Mas o que foi o dilúvio...? O resultado do mais potente, majestoso estrondo jamais acontecido no globo terráqueo e de que a formação rochosa da serra da Chela, rica de urânio, foi causadora, manipulada por uma civilização que não deixou rasto...No local.

A explosão atómica feita sem a técnica actual deu-se quando os continentes actuais eram apenas, massas continentais e mais ou menos unidas. E aconteceu, numa imensa região que se formou sob montanhas tão elevadas como as suas antípodas do Nepal e do Everest e, oferecia aparente segurança a homens e animais e estendia-se por uma área vastíssima desde a Umbia ao Brusco e resultado de muitos anos de erosão – a formação de estalactites. Os laboratórios de energia nuclear situavam-se mais ou menos ao centro daquela clareira que admirávamos quando visitávamos a Tundavala. Ninguém pensaria que naquela baixa, tinham existido milhões de toneladas geológicas com alturas que variavam entre os 5 e os 7.000 metros de altura e que durante muitos séculos, devido a ser uma região muito chuvosa, correram outros milhões de litros de água corrente que deram origem às ainda hoje existentes cataratas do Mendonça, que as descobriu, e às bacias do Lubango e aos rios da Humpata com nascentes nas Neves e no Bimbe e no Tchihingue! Sobeja hoje o rio Nene que banha a velha vila da Chibia! E o rio Curoca e o subterrâneo que origina as já célebres furnas de Santo António que, periodicamente, rebentam e inundam a cidade de Moçâmedes. De resto, aqueles escavados morros de onde sobressai o “morro maluco”, são resultado das aluviões que das montanhas atrás referidas, com fúria incontida, escorriam e recuavam, de mistura com marés tempestuosas, provocando a desertificação, conhecida por Namíbia...

A explosão aconteceu aí e a sua potência superou as de hidrogénio, precisamente porque os “químicos” desse tempo não souberam controlar a potência da mesma. Foi de tal ordem que além do seu expansionismo, causou um enorme vácuo que suspendeu na área da atracção-nula, milhões de litros de vapor de água de mistura com grandiosas massas sólidas – a crosta sólida da terra em que se incluía a Atlântida foi arreganhada com fúria, a parte mais plana foi rebatida e invadida pelas salsas ondas de outras zonas – fazendo surgir elevações e desaparecer outras! E naquele vácuo fantástico andou a Ilha de Páscoa que uma civilização paralela, mas de outra índole, construiria sobre a montanha mais alta da Chela! E nesse passeio fantástico andaram homens e animais, qual imenso remoinho, mais tarde semeados em vários outros pontos da terra, onde por força de exigência de adaptação e de sobrevivência tomaram hábitos e até pigmentação e formas diferentes...!

Ora, se me acompanharam nesta descrição apressada do que foi a mais violenta reação química de todos os tempos na terra, não vos será difícil concluir que o dilúvio aconteceu mesmo, porque toda a atmosfera/estratosfera estava saturada de gotas de água em suspensão durante (40 dias e 40 noites) muito tempo.

Daí o facto notório de os continentes se encontrarem mais concentrados no hemisfério norte e mais dispersos no sul – devido à força centrífuga afastaram-se, dividiram-se, com tendência para se comprimirem no hemisfério norte.

A submersão da Atlântida pode explicar-se por uma implosão – contraste ou rebaixamento consequente...!

Calmatites (texto sem data).

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Calmatites

Continuando a falar sobre o meu Pai, quero informar que os poemas e textos assinados com o pseudónimo «Calmatites», são de sua autoria. Esta alcunha foi devida à sua forma de estar na vida, que primava pela calma e tentativa de resolução de qualquer problema que lhe surgisse através do uso da palavra. Palavra que nunca lhe faltava graças à capacidade de diálogo e à fluidez de discurso que possuia. Mesmo que o sangue lhe fervesse nas veias e os punhos se contraissem com vontade de resolver a situação com um murro bem empregue, era através do verbo que a encontrava soluções. Quem o conheceu recorda esta faceta do seu carácter, considerando-a a marca da sua personalidade que, juntamente com as suas piadas, deixou marcas fortes nos seus familiares e amigos. (A foto adicionada é do antigo Liceu Diogo Cão, no Lubango, Angola, onde estudou o meu pai, eu e o meu irmão Zé.)

Tentativa

Tentativa

Ah como desejava vencer aquele medo!

Aquela covardia de lhe confessar

Com naturalidade o meu grande segredo!

Hoje, vou esperá-la, fazer-me encontrado.

E lanço um – Viva! Bons olhos a vejam flor!

...E ela veio, olhou-me e eu espantado,

Deixei-a passar acometido de torpor.

Ah! Com mil bombas a deflagrar de hidrogénio

Isto já ia no décimo quinto dia

O sangue borbulhava, a alma esfrangalhava...

De nada servia aquele rasgo de génio

Que na intimidade se me acudia

Divinizadas frases qu’ela m’inspirava.

Calmatites (soneto sem data)