domingo, 20 de abril de 2008

Política

Ano Novo de 1954...

Eis temas inesgotáveis, para quem, com um medíocre espírito de observação e raciocínio, quiser fazer um inventário, ligeiro que seja, do que se revelou durante os 365 dias que acabaram à meia-noite do dia de S. Silvestre.

Para um observador inteligente e que durante o ano se tivesse fechado em casa, a sós, recebendo regularmente os jornais que assina e um aparelho receptor, o que se passou não é de molde a deixá-lo impassível. Bastaria, para que em determinados momentos se exasperasse às raias do inverosímil, ouvir e acompanhar o noticiário internacional, analisando o jogo, por vezes empolgante dos grandes chefes políticos, as revelações, no seu campo, autênticos génios uns, autênticas infelicidades geniais, motivados, mormente pelo bom intencionalismo de outros. Chegaria esse observador à conclusão de que ser sincero em política é o mesmo que assinar a sua derrota, salvo raríssimas excepções.

A mentira, a capa da covardia, é a súmula do sucesso de muitos desses heróis. Felizmente para o Mundo há a contrabalançar este drama, uma, ainda potente margem de grandes mentalidades que, por força das circunstâncias estabelece uma enérgica oposição, calculista é certo, mas evitando a mentira, porque esta repugna à sua índole de civilizados e homens de mérito e retidão. Não fazem que a sua honra se achincalha, por desrespeito à confiança da Nação que os escolheu, para seus representantes e seus guias.

Tenho quase a certeza de que uma grande parte dos comunistas, se é que os há de carácter, vendo a atitude tomada pelos seus principais chefes nestas andanças políticas, em que se têm procurado evidenciar, criaram asco às aberrantes atitudes por eles tomadas.

Reles processo de fazer política! Mas ao mesmo tempo é um bem, porque assim mostram abertamente com que espécies de sevandipos podem contar os que neles têm os olhos e as esperanças. Tristes esperanças!

Calmatites!

sábado, 23 de fevereiro de 2008

«Amor do meu coração»

Quadra Popular subordinada ao Mote:

«Amor do meu coração»

Oh! Não queiras que to troquem

Numa nova operação

Deixa que te queira mais

Amor do meu coração!

2) À sombra do Cristo Rei

Vivendo em adoração

Não me sais do pensamento

Amor do meu coração.

3) Os meus filhos, meus amores,

São as flores que adornarão

A vida feita contigo

Amor do meu coração!

Calmatites, Lisboa (sem data).

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Sempre...

Desta vez não há um texto do meu avô para vos deliciar...há sim, um texto sobre ele, sobre o que ele foi, é e será para mim... Um herói!... Um destes dias sonhei com ele, estava de braço dado com a minha avó, Minita. Com o seu sorriso de SEMPRE...deu uma "pancadinha" na mão da minha avó, e veio ter comigo.Deu-me um abraço, abraço que eu gostava de poder ter agora, sim, porque sentir, sinto SEMPRE que quiser, ele está SEMPRE comigo... No momento desse abraço, disse-me ao ouvido:"Não te preocupes, vai correr tudo bem!"... Palavras de coragem e de ânimo que tinha SEMPRE prontas a dar a quem precisasse! É por estas pequenas grandes coisas que, não me canso de o dizer, ele foi, é e será SEMPRE o meu herói!!!! Que ele pudesse servir de exemplo para tantos homens e mulheres que não dão valor a estes pequenos grandes gestos que podemos e devemos ter para com os que nos rodeiam...! Meu herói, para SEMPRE!...

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Aniversário

Soneto

7 de Novembro de 1960

À Rosarito.

Oferecer-te-ia um disco
Mas isso é já tão vulgar!
E poderia correr o risco
De o mesmo não te agradar!
Dou-te antes e desta vez
Uma prova que não falece
Do afecto que com avidez
Cada vez mais se fortalece...
Que os nove anos que festejas
Nestes versos fiquem cantados
E neles tu sempre revejas
O amor paternal entoado
Com a pureza do sentimento
Humano mais sublimado.
Honorato Freitas
(Não resisti! Desculpem a imodéstia, mas tinha que aproveitar a proximidade do dia 7 para recordar a capacidade de amor do meu Pai.)

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Memórias de um Bancário

Revoltado com a situação em que se encontrava pois, foi reformado num escalão abaixo daquele em que tinha desempenhado funções, escreveu este desabafo. Aqui vai sem mais comentários.

Porquê?

No mais alto expoente dialético

De exaltados abrilistas declarados

As palavras inflamadas e doridas

Na defesa dos Sagrados direitos

Dos bípedes pensantes que somos

Resultam às vezes ofensivas

Desses mesmos direitos espezinhados

Antes e depois de serem.

Claro que houve uma geração que de sindicatos não viveu.

Mas essa geração produziu a matéria que hoje proporciona à actual geração o poder constitucional espontâneo.

Eis como ninguém a não ser quem por direitos inalienáveis, sindical e verticalmente falando, é esquecido nas malhas contratuais

Olhai – poderosos de antanho –

A triste figura que fizestes!

Por ventura as vítimas causadas terão sido menos que as actuais?

Teriam menos merecimentos que os luminares da actualidade?

Temos contratos verticais!

Hoje sem curvaturas espinhais não se admite que os gestores responsáveis se esqueçam...Ai deles,

De cumprirem o estipulado no Anexo Segundo, de aplicável percentual ao Anexo VI... Mas alto aí!

Quanto ao número cinco e o número seis da cláusula centésima trigésima quarta cuidado! Isso é só para «os depois» esqueçam «os antes» para nosso gozo.

Esses fósseis que continuem a aguentar dificuldades.

Já estão habituados!

Mas para mostrar quanto somos magnânimos vai esta cláusula:

- Para os que tiveram inspiração quase profética e vieram embora tardiamente para a Banca

- Oferecer-lhes contagem de tempo não prestado, embora, à causa, mas prestado ao Estado... Para efeitos de reforma especial.

- Brindemos esses novos colegas contando-lhe mais Dez... Vinte e vai: centésima trigésima nona (A “nona” é uma fruta apetecível.).

- E esta cláusula é justa. É sim senhor!

- Quanto aos esquecidos da outra, esquecidos sejam por esta nobilíssima, apoupadissima geração não bancária.

Assim seja e se faça para que aprendam de futuro a não ter arreganhos, vaidade!

Lisboa, 1983 – Memórias de um bancário!...

(Calmatites)

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Revolução.

Este poema revela o desconsolo de quem viu os ideais traídos. Leiam sem preconceitos e sem ilacções.

Revolução

Era uma vez uma nação

Que prosperava a olhos vistos!

Veio depois uma Revolução

Com partidos ditos mistos.

Com ordens mais que insensatas

Ficaram cegos e assanhados

Tornaram-se assim “vira-latas”

Sob a capa de iluminados!

Preguiçosos por natureza

Fizeram provisoriamente

Com definitiva esperteza

Descolonizar muita gente

Moveram-se Armadas Forças

Que outros desarmaram por bem...

Apressados como corças

Numa Homérica retornagem

Nasceu uma onda furiosa

E que – quais ginetes sem freios –

Formaram corrente chulosa

Ocupando os bens alheios...!

Os feitores de golpe estatal

Esfregaram as níveas mãos

E no seu foro intestinal

Sorriam... Bons cidadãos!

É tão fácil destruir tanto

Que nem vale a pena dar tempo

Valores de irmãos, entretanto...

É apenas um contratempo!

Mas isso de sentimentalões

Estrangeiros hão-de resolver

Com uma ponte de aviões

Para cá alguns vão trazer...

Salvam-se assim as aparências

De que tudo se faz e bem

Sem ser preciso competências

Abandonar é que convém!

Para a sonhada sociedade

Que nasceria de sintético

Parto-sem-dor... Calamidade!

Adveio aborto mui tétrico.

Tudo em nome do “nosso povo”

Bode expiatório propício

Ao excentrismo de Moscovo

Por seu “líder”, por seu Fenício.

Os rubros cravos suavizantes

Emurcheceram bem depressa

Devido aos bafos escaldantes

Para ser cumprida a promessa.

Termino esta sucinta história

Esperando que bom-senso

Ganhe com lucros a vitória,

Pois o sofrimento é intenso.

(Calmatites)

Lisboa, Janeiro de 1976.

terça-feira, 31 de julho de 2007

JUSTIÇA SOCIAL

JUSTIÇA SOCIAL…

Só como introdução, sem tentar dar a imagem de descrição de um drama, começo por dizer que em 18 de Abril de 2005 fiquei sem o meu marido vítima de sepsia adquirida em internamento na Unidade de Queimados do Hospital de Santa Maria. Sou professora do Quadro de Escola desde 1988, por isso mesmo funcionária do Estado Português. No final de 2006 foi-me solicitado preencher um documento para actualização de dados, em que, como é lógico, tive de alterar o meu estado civil de casada para viúva. Em resultado dessa actualização de dados passei a pagar, em 2007, mais 130 Euros por mês para o desconto do IRS, pois solteiros, divorciados e viúvos encontram-se no mesmo escalão do IRS e descontam mais do que os casados. Sinceramente, não percebo a lógica da situação fiscal. Senti-me como se estivesse a ser castigada pelo facto de ter ficado viúva. Como se houvesse possibilidade de escolha!!!

Enfim, surge a altura em que declaramos rendimentos e despesas às Finanças e, como consequência vou ter que pagar ao Fisco, para além de todos os descontos e despesas de 2006, mais 900 Euros, porque em 2006 o meu patrão não actualizou dados e não me foram descontados os tais 130 Euros por mês para o IRS.

Senhor Primeiro Ministro, Senhor Ministro das Finanças, Senhora Ministra da Educação: estão a divertir-se à custa de quem trabalha e tem a infelicidade de perder o cônjuge?

Porque é que os viúvos, na função pública, são tratados como se tivesse sido escolha sua a perda que sofreram?

Isto é justiça social?

Já para não falar do facto de os Atestados Médicos que me vi obrigada, por motivos de saúde óbvios, a utilizar após o falecimento do meu marido me terem penalizado no concurso para Professora Titular pois, as faltas dadas por doença, foram pontuadas negativamente. Toda esta situação não se compadece com o facto, de todos sabido, dos congelamentos na progressão na Carreira e da consequente perda de poder de compra.

Ao chegar a este momento dei comigo a pensar que é pena não possuir a veia poética do meu Pai para ser capaz de ironizar. Resolvi então procurar nos seus escritos algo que se pudesse adaptar e encontrei…

Nunca mais

Volvidos trinta e tal anos de andanças

Pela Banca não rota ainda do País

Ousei esquecer créditos por livranças

E outros mais que são da causa raiz.

Embora possam julgar ser lívida

Esta peroração assonetada

Vejam quão substancial é a dívida

Que talvez nunca mais será saldada.

Por isso é que nem com cheques cobertos

Letras a curto prazo e descontadas

Créditos ordenados ou abertos

Jamais poderão vir a ser saciadas

As “parti-ganâncias” qu’andam por’i

Corneto p’ra mim – corneto p’ra ti.

(H. F.)

Sem data